Padre Jean Pierre Médaille nasceu em Carcassone, sul da França, a 06 de outubro de 1610 e foi educado pelos Jesuítas, entrando na Companhia de Jesus aos 16 anos. Pessoa inteligente e de profunda oração. Já sacerdote, destacou-se como missionário nos campos de Auvergne, centro da França.
Em sua caminhada missionária encontrou moças e viúvas desejosas de se consagrarem a Deus servindo ao povo. Humildes mulheres, sem dote, não podiam e nem queriam o claustro, única forma de Vida Religiosa, na época. Orientadas pelo Padre Médaille formaram, aos poucos e espontaneamente, grupos de três ou quatro, vivendo no meio do povo, como “fermento na massa”.
Neste tempo o Direito Canônico da Igreja, não admitia mulheres consagradas, fora do mosteiro. Vários grupos lutaram em vão. A Igreja não admitia Congregações femininas de Vida Apostólica. Também os Superiores da Companhia de Jesus não apoiavam os encaminhamentos do Padre Médaille. Era uma grande provação.
Padre Médaille não se entregou. Iluminado, recebeu a grande certeza: Deus estava na origem do Projeto contraditório, que vinha dirigindo. Na Santíssima Eucaristia encontrou a inspiração primeira e fundamental do Projeto no qual as Irmãs permanecem “muito ocultas em suas casas”, como a Eucaristia, mas sendo presença discreta cheia de amor de Deus e do próximo.
As Comunidades se multiplicavam. E a discrição? Era cada vez mais difícil e complicada. Padre Médaille confiava sempre mais em Deus. Foi quando Dom Henrique de Maupas, Bispo de Le Puy, tendo tomado conhecimento desta ideia, interessou-se por este “Pequeno Projeto” como o chamava Padre Médaille. Com alegria, tomou-o sob sua proteção. Ele também teve o desejo de confiar às seis candidatas que lhe haviam sido apresentadas, o antigo Hospital da Rua Montferrand, em ruínas, num bairro do Puy, para que fosse transformado num Orfanato que acolhesse e atendesse as crianças órfãs.
Isto aconteceu oficialmente no dia 15 de outubro de 1650 – numa cerimônia simples, realizada no intervalo entre atendimento às órfãs e aos múltiplos afazeres domésticos. Foi um dia memorável. Nasceu oficialmente neste dia, a “Congregação das Irmãs de São José”.
Os nomes das primeiras Irmãs de São José: Françoise Eyraud, uma sábia mulher que coordenou a pequena Comunidade; Claude Chastel, Marguerite Burdier, Anna Chalayer, Anna Vey, Anna Brun, quase todas da Diocese do Puy.
A expansão foi rápida. Tendo cumprido a missão pela qual Deus o colocava neste mundo, Padre Médaille, já doente, morreu no Colégio de Billon, em Auvergne, no dia 30 de dezembro de 1669. Tinha 59 anos.
A Revolução Francesa (1798) encontrou as Irmãs espalhadas pelo país e martirizou cinco Irmãs sendo elas: Irmã Santa Cruz, Irmã Santa Madalena (Privás), Irmã Todos os Santos, Irmã Santo Aleixo, Irmã São Juliano (essas duas de Lyon). As Comunidades que tinham se dispersado, passada a tormenta revolucionária, as Irmãs foram retornando à missão com entusiasmo. Fortalecidas, ganharam o mundo sendo presença de amor de Deus no meio do povo.
As Irmãs de São José chegaram ao Brasil: em Itu/ São Paulo, em 1858, no Paraná em 1896 e no Rio Grande do Sul em 1898. Logo as obras se multiplicaram: crianças órfãs, pessoas doentes, idosas, escravas, leprosas, colégios… ninguém escapava à caridade das Irmãs que sabiam, como ninguém, aliviar a dor e dar esperança.
Padre Médaille já está na Casa do Pai. Suas Filhas vivem nos cinco continentes esforçando-se para trabalhar no espírito de “humildade e da cordial caridade” Com muito amor, procuram olhar para as origens, para as pioneiras do Puy que, com seu fervor, seu zelo e caridade, deixaram um rastro luminoso do amor de Deus e dos irmãos e irmãs, até os dias de hojes.
Bibliografia: Jean Pierre Médaille, quem é? – A comunhão no mundo – I. Rosália Fávero